“Naquele tempo,
Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João, seu irmão, e os levou a um lugar à
parte, sobre uma alta montanha. E se transfigurou diante deles; o seu rosto
brilhou como o sol e as suas roupas ficaram brancas como a luz. Nisto
apareceram-lhes Moisés e Elias, conversando com Jesus. Então Pedro tomou a
palavra e disse: ‘Senhor, é bom ficarmos aqui. Se queres, vou fazer aqui três
tendas, uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias’. Pedro ainda estava
falando quando uma nuvem luminosa os envolveu e da nuvem saiu uma voz que
dizia: ‘Este é o meu Filho amado, em quem pus toda a minha afeição. Ouvi-o!’
Quando ouviram isso os discípulos ficaram muito assustados e caíram com o rosto
em terra. Jesus se aproximou, tocou neles e disse: levantem-se, e não tenham
medo. Os discípulos ergueram os olhos e não viram mais ninguém, a não ser
somente Jesus. Ao desceram da montanha, Jesus lhes ordenou: ‘A ninguém contem
esta visão até que o Filho do homem tenha ressuscitado dos mortos’” (Mt 17,
1-9).
Existe uma experiência que na vida
cristã não se pode ignorar. É a experiência da Cruz. Não é uma experiência
fácil de assumir e que muitas vezes tentamos escapar da melhor maneira
possível. Mas será realmente possível viver uma vida sem a dor? E dando um
passo a mais, é possível viver um cristianismo sem Cruz? A resposta é não,
Jesus mesmo diz que se queremos segui-lo, precisamos negar-nos a nós mesmos,
tomar nossa cruz e, então, segui-lo (Mt 16, 24ss).
Mas Jesus sabe que não é fácil carregar
a Cruz. Ele mesmo a carregou com muito esforço até o Monte do Gólgota, onde foi
crucificado e morto. Ele sabe que a nossa fé vacila muitas vezes e que a
tentação de deixar a nossa cruz de lado é grande. Por isso, em outro monte, o Tabor,
Ele permite que alguns dos seus amigos mais próximos experimentem algo que com
certeza pôde fortalecer a fé e a esperança deles e que pode fazer o mesmo com a
nossa. Estamos falando da Transfiguração do Senhor.
No Oficio das Leituras de hoje podemos ler
uma passagem que expressa muito bem o que significa a celebração desse dia:
“Para que tivessem firme convicção no íntimo do coração e, mediante as
realidades presentes, cressem nas futuras, deu-lhes ver maravilhosamente a
divina manifestação do monte Tabor, imagem prefigurada do reino dos céus”.
Pensemos no que significa “imagem
prefigurada do reino dos céus”. É uma antecipação daquilo que vamos viver
eternamente junto a Deus, se escolhemos, com a ajuda da Graça de Deus, não
deixar a nossa Cruz de lado. Se escolhemos caminhar pelo caminho do Calvário
até o Gólgota e se nos deixamos crucificar junto com Jesus. Mas isso só é
possível se sabemos que a morte não tem a última palavra.
E realmente não tem a última palavra,
porque Jesus Ressuscitou. Deus venceu a morte e é Ele que tem a última palavra.
Se os discípulos não tinham esse fato para fortalecer a sua fé, com certeza se
lembraram do dia da Transfiguração de Jesus para poderem permanecerem com Ele.
E sabemos pelos Evangelhos que não foi fácil, tiveram muito medo, inclusive
Pedro, que havia presenciado essa transfiguração, chegou a negá-lo.
Mas a experiência de Pedro no momento da
Transfiguração foi tão intensa que o levou a exclamar: “Senhor, é bom estarmos
aqui”! Essa é a experiência que Deus quer que tenhamos ao seu lado, na oração,
na Eucaristia, na Confissão. Quer que experimentemos que o melhor lugar em que
possamos pensar é junto a Ele. Por isso nessa festa estamos chamados a buscá-lo
com mais ardor, para encontrar nEle as forças para continuarmos sendo fiéis.
Por outro lado, a Transfiguração não é
ainda a Ressurreição. Jesus e seus discípulos desceram do Monte Tabor porque
ainda tinham uma missão que cumprir. Se era bom estar ali, era urgente anunciar
a todos essa bondade, para que mais pessoas pudessem experimentá-la. Nós também
somos chamados a, uma vez nutridos dessa esperança da Transfiguração, descer do
monte para a nossa vida ordinária e anunciar esse encontro com Jesus, porque
muitas pessoas ainda não conhecem essa verdadeira alegria de encontrar-se com
Ele.
Que nessa festa possamos encontrar-nos
com Jesus e, a partir desse encontro, saiamos a fazer apostolado, anunciando
essa experiência com todos que ainda não a tem.
FONTE: http://www.a12.com/formacao/detalhes/transfiguracao-do-senhor
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